O que falta ao Benfas?

segunda-feira, 31 de março de 2008

Comunicado da Administração

Caros e, mui estimados leitores, como já devem ter reparado decidi transcrever alguns poemas. Devo confessar que não sou um grande apreciador de poesia, os de vós que me conheceis por certo sabeis que eu leio preferencialmente prosa. Porém ando numa de poesia, não sei bem porquê, talvez seja a estupidez a assoberbar-me a mente.
Mesmo neste espírito não suporto toda a poesia, por isso, e como já vem sendo hábito, procurarei transcrever os autores que bem me aprouverem.

Poema que aconteceu

Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 29 de março de 2008

Contrariedades

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça.
Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve conta à botica!
Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais uma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.

A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A Imprensa
Vale um desdém solene.

Com raras excepções, merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo,
Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho
Diverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.

Receiam que o assinante ingénuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.

Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.

A adulaçãao repugna aos sentimento finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exactos,
Os meus alexandrinos...

E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!

Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?

Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague",
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras...

E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!

Cesário Verde

Epígrafe

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.

José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, 24 de março de 2008

Já lá vai quase um ano


Parabéns ao Vitória.



Desengane-se quem pense que felicito o Setúbal pelo facto de o seu opositor ter sido o Sporting. Aliás, se há coisa que me irrita no futebol são os adeptos de clubes que festejam com maior alegria as derrotas dos clubes rivais do que as vitórias do seu clube.
De facto os sadinos mereceram a taça, têm feito uma grande época com um orçamento diminuto, futebol assim dá gosto ver.

10ª Reflexão Semanal

Semel artiex, millies artifex esse potest.
Quem faz uma vez, faz duas e três.

quinta-feira, 20 de março de 2008

A inveja é uma coisa lixada

Mas está tudo de férias?????????
De manhã nos transportes públicos não vim entalado como uma sardinha enlatada, ao almoço não se via ninguém. No escritório, pela primeira vez que me lembro, reina um silêncio sepulcral.
Mas só eu é que trabalho????????

quarta-feira, 19 de março de 2008

Às Aranhas


P. S. Em homenagem ao DR. Bruno Matias mui ilustre advogado estagiário, um cumprimento ao sr. dr. deste humilde homem médio.

El Maestro


P.S - Dedicado à Mónica.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Mais um!!!!!

Não vi o jogo, nem me lembrei de o ouvir na telefonia (mea culpa); tendo em conta que sou um adepto fervoroso do Benfas, isso já diz muito sobre o meu actual espírito (se bem que o exame da ordem também tenha ajudado).
Mas o resultado deixou-me deveras apreensivo, mais um empate, isto já é demais, devemos ser a equipa com mais empates na Liga.
Ouvi dizer que o Chalana mandou umas farpas ao Camacho, dizendo que equipa já não jogava tão bem há muito tempo. Quem viu o jogo diga-me se foi mesmo assim, ou se o Chalana anda a fumar coisas que fazem rir.

Acerca da sondagem

Austerlitz foi a batalha mais famosa da era napoleónica. O nevoeiro escondeu as movimentações das tropas francesas, que, em inferioridade numérica, flanquearam as tropas da Áustria e da Rússia. Quando o sol revelou as posições dos exércitos era tarde demais, tendo a lendária carga da guarda imperial francesa forjado a vitória que já se desenhava.Morreram quase 20 000 almas.

9ª (pensando nos exames da ordem) Reflexão Semanal

Alea jacta est
A sorte está lançada.

P.S -Expressão utilizada por César ao atravessar o Rubicão (riacho que separava a Gália Cisalpina da Itália), sabendo que ao fazê-lo quebrava a lei, tornando-se um proscrito. A sorte esteve com ele, pois acabou por ganhar a guerra civil tornando-se ditador.

terça-feira, 11 de março de 2008

Informação Isenta!!!!!!

Estava a ver o Site do Benfas quando deparei com este comentário ao jogo com o Leiria. O Sr. que escreveu isto ou estava com alucinações ou deve ter visto outro jogo.

Cardozo – Golaço e espírito guerreiroUm espectacular golo, na marcação de um livre directo, foi o selo de mérito numa exibição de grande categoria. O paraguaio, apesar de impiedosamente marcado pelos oponentes, conseguiu quase sempre desenvencilhar-se dos centrais contrários e respeitar as tabelas com os companheiros. Sempre muito em jogo, foi a principal referência ofensiva da sua equipa, apesar de ter tido em Nuno Gomes um ajudante de peso.

Rui Costa – Se aquela bola entrasse…Méritos no capítulo do passe, fazendo jogar a equipa em seu redor e nunca se poupando a esforços. Além de ter estado no lance do golo de Zoro (que bela jogada no lado esquerdo, culminada com um cruzamento com “olhos”), foi aquele que esteve mais perto do 3-2, quando, a dez minutos do fim, realizou uma diagonal, rematando em arco para o que se seria um fabuloso golo. Valeu à União a defesa do seu guardião.

Binya – Pura atitudeUm jogador cujas características o tornam um homem muitas vezes em evidência, visto correr muitos quilómetros, impondo sempre uma intensa pressão sobre os adversários e tendo técnica apurada no primeiro passe da zona de construção de jogo. Mais uma vez, destacou-se por tais características, sendo um aliado de peso para o mais criativo Rui Costa

segunda-feira, 10 de março de 2008

8ª (E mui amargurada) Reflexão Semanal

Fortuna vitrea est: tum cum splendet, frangitur.
Fortuna é como o vidro: — tanto brilha, como quebra.

Hasta la vista Camacho!!!!

O Benfas bateu mesmo no fundo. Nem me vou pronunciar sobre o jogo de ontem, só de pensar nisso fico irritado.
Por certo o Camacho terá grande parte da responsabilidade pela actual situação, mais que não seja pelo fracasso na motivação da equipa, porém existe algo mais. O grande problema do Benfas é a sua organização, ou falta dela. Hoje em dia a competição desportiva profissional não se compadece com amadorismos, e já agora com instabilidade directiva e desportiva.